REVIEW 2 parte 1: Visualizador IFC - Quais softwares eu recomendo para escritórios que querem adotar o BIM - é necessário mais que apenas visualizar.
- William Formigoni
- 2 de nov. de 2024
- 6 min de leitura
Nessa segunda publicação de reviews de software para trabalhar com BIM, quero abordar o assunto de visualizador IFC.
Se você não viu a primeria review da série, acesse aqui “Quais softwares eu recomendo para escritórios que querem adotar o BIM - Review 01”. Não esqueça de voltar aqui para ler o artigo da review 02!
Lembrando que o cenário considerado para a análise é: escritórios de desenvolvimento de projetos complementares que querem incluir o BIM em suas rotinas. Também é importante destacar que os softwares a serem recomendados precisam ter custo razoável frente ao que será EXTRAÍDO dele. NÃO IMPORTA a capacidade do software, foque no que você extrairá.
O visualizador é um tipo de software que virou commodity, pois é possível encontrar em vários lugares, todos idiomas, para todos os gostos. Mesmo havendo vários tipos e sua função principal ser básica, há muitos aspectos que vem junto com essa ferramenta que a completam e que sem esses aspectos ela perde a utilidade em alguma medida.
Apesar de ser muito acessível quero apontar alguns pontos bem específicos que nos fizeram escolher entre um ou outro no nosso dia a dia da DRC.
Novamente lembro ao leitor que haverá menções específicas a softwares e fabricantes e o viés das nossas experiências estará contido nessa review.
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Indo direto ao ponto, os casos de uso dos visualizadores IFC que nós identificamos como principais podem ser listados como os seguintes, que vou dividir em 3 artigos:
Parte 1
Software leve
Possibilidade de ver modelos juntos e salvar esse estado - sinônimo de federar
Processamento dos arquivos para visualização
Parte 2
Ferramentas de manipulação do modelo - para fins de visualização e filtros
Apresentação dos dados SEM abstrações - explicarei
Visualização de BCF, IDS e Clashes
Parte 3
Permitir integrar o visualizador onde for necessário - seu portal, site, CDE próprio
API aberta
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1 - Software leve
Esse eu acredito que é o principal ponto de todos. Alguns visualizadores que já testamos tornam inviável o trabalho devido a possuírem uma visualização muito pesada. É sabido sim que para trabalhar com BIM você precisa ter uma máquina razoável, porém, quanto mais do computador o visualizador exigir, menos produtivo você será.
Normalmente quando estamos verificando um modelo, é raro as vezes que ficamos APENAS com o modelo aberto no computador.
O cenário mais comum é um visualizador aberto, junto com alguns PDFs e algumas guias de Google Chrome. Qualquer visualizador pesado vai tornar um trabalho desse tipo inviável.
Nesse quesito, no nosso uso, quem se destacou foi o Trimble Connect. Em alguns testes e usos que tivemos, frente ao visualizador usbimViewer da Acca, o do Trimble apresentou desempenho gráfico muito melhor em computadores de menor potência, que são a realidade da maioria dos escritórios.
A quantidade de memória que cada um usa para o mesmo grupo de modelos no teste que fizemos foi praticamente a mesma, porém, o desempenho gráfico da visualização ficou melhor no Trimble.
2 - Possibilidade de ver modelos juntos e salvar esse estado - sinônimo de federar
A federação é algo muito importante para um projeto sendo desenvolvido em BIM. Ela contempla a união de modelos de uma determinada revisão. Normalmente essa atividade ocorre nos marcos de entrega do projeto, onde a coordenação de projetos federa os modelos entregues para realizar atividades de compatibilização e auditoria das informações. Em escritórios de desenvolvimento de projetos integrados, a federação é contínua conforme os projetistas vão desenvolvendo e checando seus modelos contra os demais, chegando próximo a filosofia de Work In Progress que a norma 19650 sugere.
Acontece que esse processo tem algumas nuances. Acredito que poucos discordem do que digo mas: o Solibri ainda é o maior motor para auditoria de modelos no mercado, de longe. Isso quer dizer que por ser bom e, consequentemente muito usado, ele acabe sendo usado também para federação de modelos. Não há nada de errado nisso, mas aqui encontramos algo que eu acredito que não seja prático: o Solibri realiza a federação orientada a arquivos. Ele cria um arquivo de extensão própria com vínculo a modelos num servidor ou numa nuvem.
Existem sim formas possíveis de compartilhar esse arquivo e permitir que ele seja visualizado em outro computador, mas a organização necessária a isso é trabalhosa e os envolvidos precisam ter todos habilidades em comum no software Solibri Anywhere, que convenhamos, não é dos mais fáceis de se usar para visualizador.
O ponto que quero chegar é que a federação precisa ser algo fácil de criar, manipular e ver. Nesse quesito vejo o Solibri como eficaz e eficiente apenas no contexto de quem o usará para Coordenação do projeto. Os projetistas poderiam se beneficiar muito de ver o modelo federado e o Solibri não me parece a melhor solução. Entra na ponderação também que o Solibri é um software muito caro perto dos concorrentes quando estamos pensando em termos de visualização e federação de modelos.
Aqui entram os 2 softwares que utilizamos para federação de modelos que recomendo: usbimViewer da Acca e Trimble Connect.
O usbimViewer permite federação gratuita na versão online e desktop. No caso a versão desktop incorre nas mesmas dores da federação pelo Solibri, então não usem a versão desktop. A versão online federa a partir de um arquivo específico da nuvem que referencia apenas modelos que já estão no servidor, então acho isso muito melhor, mais fácil e de curva de aprendizagem menor (algo importante atualmente).
Já o Trimble Connect permite “federar” também, aqui escrevo com aspas pois me parece apenas uma função de permitir ligar e desligar os modelos ao mesmo tempo, mas, no fim das contas atende ao objetivo de forma eficaz. O software também permite relação com versões de arquivos e salvar o estado dos modelos unidos. A versão desktop fica no mesmo nível de qualidade da versão online então tem essa vantagem.
Em resumo, no quesito federação, o software da Acca apresenta desempenho, facilidade e funcionalidade melhores.
3 - Processamento dos arquivos para visualização
Esse é um dos pontos mais importantes a meu ver. Quando falamos de aplicações desktop esse processo leva segundos e nem precisamos fazer comparações, porém, quando vamos para aplicações em nuvem, esse processo pode levar minutos. Minutos podem não parecer muito se você analisar do ponto de vista de quem coordena projetos e recebe os entregáveis uma vez ao mês.
Se você está no lugar de quem desenvolve projetos, esperar minutos toda vez que precisar subir uma nova versão para compatibilizar com as demais disciplina, isso pode prejudicar sua produtividade.
Os arquivos são processados na nuvem e entram em sistemas de filas nos servidores das empresas para serem proecessados e se tornarem disponíveis.
Ambos os softwares, usbimViewer e Trimble Connect recebem o upload dos arquivos e processam eles para serem exibidos em seus navegadores. Aqui alguns números como parâmetros de testes realizados por mim:
Arquivo de 280MB:
usbimViewer: 8 min 30 segundos para processar
Trimble Connect: 3 min para processar
Arquivo de 8MB:
usbimViewer: 1 min 40 segundos para processar
Trimble Connect: 2 min 50 segundos para processar
No arquivo pequeno, os 2 softwares tem resultados satisfatórios, sendo o da Acca o mais rápido, já no caso de arquivos grandes, o Trimble foi bem mais rápido.
Se você realizar muitas iterações e subir arquivos muitas vezes para checar compatibilizações, recomendo utilizar uma ferramenta que seja mais rápida, pois no dia a dia de desenvolvimento isso fará muita diferença.
Se você está usando o visualizador em entregas que recebe na posição de coordenador e compatibilizador do projeto, o software da Acca me parece uma melhor escolha e o ambiente de nuvem dele tende a ser de mais fácil organização e controle.
Todos esses elementos e capacidades dos softwares necessitam obviamente de treinamento, tanto dos líderes que conduzirão as equipes envolvidas quanto dos próprios projetistas e analistas que executarão as tarefas. Treinar equipes em BIM é um desafio, pois algumas partes da metodologia ainda dependem de ferramentas de tecnologias incipientes, mesmo com a especificação não sendo coisa nova. O Michel Figueiredo conduz a newsletter BIM 360 - Políticas e Pessoas e lá ele pretende tratar de como as equipes evoluem no BIM em um escritório, dentre outros assuntos. Acompanhem por lá para entender como resolvemos alguns desses desafios.
No próximo artigo de review sobre visualizador vamos falar de:
Ferramentas de manipulação do modelo - para fins de visualização e filtro
Apresentação dos dados SEM abstrações - explicarei a frente
Visualização de BCF e IDS e Clashes
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