CAPÍTULO 1: O INÍCIO DA JORNADA DE TRANSFORMAÇÃO COM BIM
- Rafael Evangelista
- 12 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Este é o primeiro capítulo de uma série de artigos onde compartilharei a minha visão e experiência sobre a implantação da metodologia BIM nos processos de gestão de projetos. Ao longo dessa série, abordarei os principais desafios, aprendizados e boas práticas que foram fundamentais para otimizar a execução de projetos utilizando o BIM como ferramenta estratégica.
O Building Information Modeling (BIM) é uma das ferramentas mais poderosas e transformadoras no setor da construção civil. No entanto, seu impacto só é plenamente alcançado quando há uma integração adequada com a gestão de projetos. Implantar o BIM não se trata apenas de adotar uma nova tecnologia, mas de transformar a maneira como pensamos e estruturamos nossos processos.
Aqui estão os principais pontos que considero essenciais para profissionais que estão iniciando ou otimizando a implantação do BIM em seus projetos:
1. Estruturação de Processos Antes da Tecnologia
Antes de pensar em softwares e modelos 3D, é crucial ter os processos de gestão bem definidos. O BIM é uma metodologia orientada a processos, e sua eficiência depende de uma base sólida. Isso significa mapear claramente todas as etapas do projeto, desde o planejamento até a execução, e garantir que cada fase tenha os fluxos de trabalho alinhados.
O que observamos muitas vezes no mercado é uma falta de planejamento adequado, onde a tecnologia BIM é inserida sem uma estruturação anterior dos processos. Essa prática leva ao chamado "Binwash", onde o BIM é usado apenas como uma ferramenta gráfica, sem o valor real que pode agregar ao ciclo de vida do projeto. 2. Alinhamento de Expectativas e Resultados
A implementação do BIM deve começar com um alinhamento claro das expectativas de todas as partes envolvidas. Isso inclui entender não apenas o que a tecnologia pode oferecer, mas também como ela pode ser integrada para gerar valor real.
Quando estruturamos a metodologia de gestão de projetos com BIM na MAC, nosso foco inicial foi alinhar os objetivos entre incorporadora e construtora. Identificamos que, no mercado, há uma desconexão comum entre essas duas partes, onde a incorporadora nem sempre se interessa pelo que está ocorrendo na construtora, e vice-versa. Esse desalinhamento resulta em perda de controle e aumento de aditivos contratuais, um problema que pode ser minimizado com o uso adequado do BIM.

3. Integração do BIM com a Gestão de Projetos
A verdadeira força do BIM está na integração da informação ao longo do ciclo de vida do projeto. Para que isso ocorra de forma eficiente, é necessário ir além do uso do BIM como uma plataforma gráfica e passar a tratá-lo como uma metodologia de gestão de dados.
Isso significa que o planejamento de entregas de informação deve ser cuidadosamente estruturado, utilizando planos como o MIDP (Master Information Delivery Plan) e o TIDP (Task Information Delivery Plan), conforme orientado pela ISO 19650. Esses planos são essenciais para garantir que todos os envolvidos no projeto estejam cientes de suas responsabilidades e que a troca de informações ocorra de maneira controlada.
Observação: Nos próximos artigos, farei uma descrição de como os conceitos de MIDP e TIDP podem ser incorporados na realidade do nosso mercado.
4. Padronização de Práticas e Comunicação Clara
Um dos maiores desafios na implantação do BIM é a padronização das práticas e a criação de uma cultura de comunicação clara e eficaz. A transição de um ambiente CAD para BIM requer que todas as equipes envolvidas — desde projetistas até gestores de obra — estejam capacitadas e alinhadas com os novos fluxos de trabalho.
A padronização também implica na definição de requisitos de informação específicos para cada fase do projeto, como os OIR (Organizational Information Requirements) e os PIR (Project Information Requirements). Isso garante que as necessidades da organização e do projeto sejam atendidas de forma eficiente, evitando lacunas de comunicação e erros de execução. 5. Foco na Colaboração e na Transparência
A metodologia BIM exige colaboração contínua entre todas as partes interessadas. Desde o planejamento inicial até a fase de construção e operação, a transparência nas trocas de informação é fundamental. Isso reduz significativamente o risco de retrabalho, melhora a eficiência do projeto e garante que as decisões sejam tomadas com base em dados precisos e atualizados.
O BIM, quando bem implementado, transforma o modo como gerenciamos a informação e como integramos as diferentes disciplinas envolvidas no projeto. Ele cria um ambiente colaborativo onde a informação é compartilhada de forma fluida, o que leva a projetos mais rápidos, mais precisos e mais eficientes.
Afinal, como espero auxiliar os leitores nos próximos capítulos?
A implantação do BIM não é apenas sobre adquirir uma nova tecnologia, mas sim sobre transformar processos e integrar a gestão de projetos de forma eficiente. A chave está em estruturar adequadamente os processos, alinhar expectativas e garantir a padronização e colaboração contínua. Se você deseja alcançar melhores resultados em seus projetos, comece pelo básico: planeje, estruture e integre a informação com o BIM.
Nos próximos capítulos descreverei de forma estruturada como a nossa jornada para implementação do BIM foi desafiadora e quais problemas reais focamos em resolver. Espero sinceramente que contribua com os dilemas que todos passam durante a implementação dessa metodologia em seus processos!
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