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Integração de Pessoas, Políticas e Hábitos Organizacionais no BIM

  • Foto do escritor: Michel Figueiredo
    Michel Figueiredo
  • 24 de out. de 2024
  • 4 min de leitura

Implementar o BIM em uma empresa de construção vai muito além de adotar uma nova ferramenta tecnológica; é um processo que envolve mudanças profundas em pessoas, políticas e hábitos. Ao longo da minha experiência na DRCpro, percebi que, apesar dos benefícios claros que o BIM traz, muitos dos desafios que enfrentamos estão relacionados diretamente à integração de pessoas e à criação de hábitos organizacionais que sustentem essa transformação.

1. A Integração de Pessoas no BIM

O maior desafio ao implementar o BIM, sem dúvida, está nas pessoas. Como em qualquer mudança de paradigma, existe uma resistência natural ao novo. Muitos profissionais estão acostumados a métodos tradicionais de trabalho, como o uso do CAD, e veem o BIM apenas como uma ferramenta de modelagem 3D. No entanto, o BIM vai muito além disso. Ele redefine a forma como informações são geridas e processos são estruturados ao longo do ciclo de vida do projeto.

Acredito que a principal barreira seja cultural. Para muitos, adotar o BIM significa reaprender como executar tarefas que antes eram feitas de forma mais manual e menos integrada. Não basta treinar as equipes para usar o software; é preciso mudar a mentalidade de como a informação é gerida, compartilhada e utilizada.

2. Políticas Organizacionais que Sustentam o BIM

Para que essa mudança cultural ocorra, é fundamental que a organização tenha políticas claras que sustentem o BIM. Durante a implementação na DRCpro, ficou evidente que, sem uma estruturação adequada dos processos e padronizações bem definidas, o BIM corre o risco de se tornar apenas mais uma ferramenta subutilizada.

Uma das políticas que considero mais importantes é a padronização da documentação. Quando começamos a integrar o BIM, muitos projetos eram executados sem diretrizes claras sobre a gestão da informação. Era comum que arquivos fossem nomeados de forma inconsistente, e cada departamento tinha suas próprias práticas. Foi essencial, então, criar um sistema unificado de nomeação de arquivos e garantir que todos na empresa entendessem a importância de documentar processos e decisões de maneira estruturada.

Outro ponto crucial é a definição de papéis e responsabilidades. O BIM exige que todos os envolvidos saibam exatamente qual é sua função dentro do processo, especialmente no que diz respeito ao fluxo de informações. Uma política de gestão clara e colaborativa ajudou a DRCpro a superar muitos dos obstáculos iniciais, garantindo que a informação fosse gerida de forma centralizada e eficiente.

3. Criação de Hábitos Organizacionais

A transição para o BIM requer mais do que políticas; ela demanda novos hábitos organizacionais. Não é fácil mudar hábitos arraigados, especialmente em um setor como a construção civil, onde muitas vezes os processos são informais e baseados na experiência prática de décadas. Na DRCpro, um dos maiores desafios foi justamente criar uma cultura de disciplina em torno do uso do BIM.

O BIM, por sua natureza, não permite "atalhos". Em métodos tradicionais, como o CAD, era possível contornar processos formais, e isso funcionava para entregar o projeto. No entanto, com o BIM, a estruturação correta dos dados é a chave para o sucesso. Na prática, isso significa que os colaboradores precisam seguir uma série de padrões rigorosos e garantir que cada fase do projeto esteja adequadamente registrada e documentada.

Um exemplo disso foi a padronização dos processos de compatibilização entre diferentes disciplinas, como arquitetura e engenharia. Antes, essas interações eram mais soltas, e muitas vezes as informações se perdiam no caminho. Com o BIM, conseguimos criar um fluxo de trabalho que assegurava que todas as partes tivessem acesso às informações corretas no momento certo.

4. Sustentabilidade e Longo Prazo

Outro ponto essencial que aprendi ao longo da implementação do BIM na DRCpro é a importância de construir uma estrutura sustentável a longo prazo. Não adianta criar processos detalhados e treinar as equipes se isso não for feito de maneira que possa ser replicado em diferentes projetos.

O que buscamos na DRCpro foi um modelo de gestão de processos que não estivesse vinculado a um único projeto, mas que pudesse ser escalável para qualquer tipo de empreendimento. Isso significa que, ao final de cada projeto, avaliamos os resultados e indicadores de desempenho para ajustar os processos e garantir que, no próximo projeto, o BIM funcione ainda melhor. Isso envolve desde a melhoria contínua na gestão de dados até a padronização de práticas que possam ser aplicadas em qualquer contexto.

5. Conclusão: Integração de Políticas, Pessoas e Hábitos

A implementação do BIM na DRCpro me ensinou que, para ter sucesso, é necessário um alinhamento claro entre políticas organizacionais, capacitação das pessoas e a criação de hábitos organizacionais que sustentem essa nova metodologia. O BIM não é apenas uma ferramenta; é uma maneira totalmente nova de pensar a construção, a gestão de projetos e a colaboração entre diferentes disciplinas.

O caminho não é fácil, mas, com a estruturação adequada dos processos, a definição de responsabilidades claras e uma cultura organizacional que apoie a mudança, o BIM tem o potencial de transformar a maneira como entregamos nossos projetos e garantimos a qualidade e eficiência no longo prazo.

Coautor - Rafael Evangelista .

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